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Entrevistas com economistas, analistas de mercado, investidores e políticos, para explicar e comentar questões econômicas internacionais. O papel do Brasil e do...
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  • Ameaça de ‘contágio’ da greve nas montadoras americanas preocupa fabricantes na França
    As montadoras europeias acompanham de perto o desenrolar da maior greve em décadas no setor automobilístico americano. Iniciado na sexta-feira (15) nos Estados Unidos, o movimento por reajustes salariais e melhoria dos benefícios promete ser duradouro e encontra eco em reivindicações de trabalhadores do setor na Europa, igualmente atingida por um contexto inflacionário que achatou o poder de compra. O pleno emprego nos Estados Unidos favorece os trabalhadores na queda de braço com as Big Three – as fabricantes Ford, General Motors e Stellantis. “O mercado de trabalho americano ainda está sob tensão e, histórica e economicamente, esses são os melhores momentos para negociar aumentos de salários. "Os sindicatos têm nas mãos a capacidade de pressionar o sistema agora”, aponta Jeremy Guez, professor associado de Economia e Negócios Internacionais da renomada escola de administração HEC Paris, em entrevista à RFI.As Big Three empregam 12,7 mil pessoas no país e são responsáveis por 3% do PIB americano, segundo a associação AAPC (American Automotive Policy Council). Assim, em 10 dias, a greve tem o potencial de causar um prejuízo de US$ 5 bilhões à economia dos Estados Unidos. Donna Kesselman, especialista em sindicalismo nos Estados Unidos e professora da Universidade Paris-Est Créteil, aposta que o movimento vai durar bem mais do que isso. “As montadoras têm um estoque de, em média, 37 dias. Ou seja, uma greve de menos de 37 dias não teria muito impacto. Então quando os trabalhadores americanos decidem entrar em greve, eles precisam estar determinados a aguentar firme”, diz. “A GM e a Ford têm estoques de 50 a 60 dias, e a antiga Chrysler tem estoque de 70 dias. Se eles começaram, foi para durar, e foi por isso que eles visaram certas fábricas estratégicas, em que eles conseguem bloquear a produção.”Enquanto os empregados de outros setores industriais, como da aviação ou maquinário agrícola, já obtiveram aumentos para compensar a alta da inflação anual de mais de 3% acumulados, os do automotivo não tiveram sucesso nas negociações salariais que duraram dois meses. O último reajuste foi há quatro anos, de 6%, alega Shaw Fain, presidente do poderoso UAW (sigla para United Auto Workers, o maior sindicato da categoria). Os lucros líquidos de US$ 20,25 bilhões das três maiores indústrias de automóveis do país, apenas no primeiro semestre do ano, foram a gota d’água para o início do movimento.“Concretamente, um prejuízo de US$ 5 bilhões pode causar muitos danos à economia americana”, ressalta Guez. “Essa greve simbolicamente representa a rixa entre os trabalhadores e os executivos, entre os mais privilegiados nos Estados Unidos e os que ficaram para trás, entre aqueles que se deram bem nas últimas décadas de crescimento econômico e aqueles que afirmam que, apesar do crescimento, não conseguiram se beneficiar.”Eco na EuropaNo exterior, a questão é saber se o que acontece nas fábricas dos Estados Unidos poderá se reverberar para outros países nos quais a conjuntura econômica é semelhante. A Stellantis, fruto da fusão entre a americana Chrysler e a francesa PSA, da Peugeot-Citröen, é a mais diretamente impactada pela possibilidade de ‘contágio’ da greve nas plantas instaladas na Europa.Os principais sindicatos de trabalhadores franceses já haviam marcado a retomada das mobilizações sociais, no dia 13 de outubro, com foco na perda do poder aquisitivo.Outro aspecto que aproxima os dois contextos é a insegurança dos trabalhadores diante da transição para os veículos elétricos. Nos Estados Unidos ou na Europa, os sindicatos temem que a saída dos combustíveis fósseis enxugue os salários e as vagas.O economista Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, no Brasil, nota que os processos de "destruição criativa" nos meios produtivos costumam ser acompanhados por tensões sociais. "Não necessariamente as pessoas que perdem o emprego nesse processo vão obter emprego em outro. Existem diferenças qualitativas dessa ocupação e sobre a capacidade das gerações anteriores de adquirir os novos conhecimentos que são requisitos para os empregos que serão criados", salienta.Ele avalia que o movimento de greve em si não tende a se espalhar pelos países que abrigam as montadoras em questão, uma vez que a força dos sindicatos e a capacidade do Estado de mediar esses conflitos é muito diferente na Europa, nos Estados Unidos ou na América Latina. "Entretanto, a transição tecnológica, de transição climática e de reforço das políticas industriais, com apoio público às empresas para acelerarem esses processos, é algo que vem sendo verificado em vários países. Desse ponto de vista, sim, acho que é possível a gente ver movimentos semelhantes, dessa tensão entre capital e trabalho, em outros países", observa. No caso específico do Brasil, Cagnin ressalta que a transição para veículos com menos emissões já começou com os biocombustíveis, um setor estabelecido há décadas no país, e a passagem para os carros elétricos ainda é incipiente. Além disso, de forma geral, o dinamismo da produção industrial brasileira segue baixo, o que leva a classe trabalhadora no setor à cautela. "Por ora, não vemos nada parecido com o que há nos Estados Unidos – muito pelo contrário. É um setor muito fragilizado por uma sequência de períodos bastante adversos da produção industrial", afirma o economista. "Também tivemos o reposicionamento das multinacionais, com a saída da Ford do Brasil. Essas grandes empresas, na medida em que vão migrando para uma rota tecnológica elétrica, elas vão redesenhando as suas estratégias internacionais. E as plantas produtivas no Brasil muitas vezes são antigas, produzindo modelos que às vezes só existem no Brasil ou no mercado sul-americano", indica.
    20/09/2023
  • Alta da pobreza na França leva associações de caridade ao limite de suas capacidades
    As filas cada vez maiores de pessoas à espera de um prato de comida diante de associações de caridade refletem um problema que se transformou em uma bola de neve na França: o aumento da pobreza. Um número crescente de franceses que viviam no limite do orçamento agora depende de instituições como os bancos alimentares para conseguir fazer três refeições ao dia, todos os dias. O resultado é que os organismos de assistência também se encontram em uma situação preocupante: a inflação fez disparar os custos dos alimentos e das operações, devido à alta dos preços dos combustíveis e da luz. “As crises sucessivas que tivemos – a Covid, a guerra na Ucrânia, a inflação – impactaram o orçamento das famílias e levaram pessoas que não estavam numa situação de precariedade alimentar, ou que estavam no limite do orçamento delas, a entrarem na precariedade”, explica Laurence Champier, diretora da Federação Francesa dos Bancos Alimentares. “A inflação não explica tudo, mas foi um acelerador. Para se ter uma ideia, no âmbito da nossa associação, quando o preço da energia subiu, chegamos a um aumento de € 16 milhões a mais nos nossos gastos.”Uma das associações mais emblemáticas da França, a Restos du Coeur anunciou que teria de deixar de atender a cerca de 150 mil pessoas até o início de 2024 – depois de, só no primeiro semestre, registrar 200 mil beneficiados a mais do que o previsto. O caso da Restos du Coeur está longe de ser uma exceção.“Os problemas que temos visto não são casos isolados: os bancos alimentares estão todos com dificuldades de abastecimento e, do outro lado, o aumento da precariedade alimentar na França se tornou regular, desde 2008. Eram 780 mil pessoas assistidas naquele ano e hoje temos 2,4 milhões que dependem de nós”, complementa Champier.  Plano contra a pobrezaNa semana que vem, o governo francês vai lançar um plano de combate à pobreza – que atinge 9,2 milhões de pessoas na França, ou 15% da população. Uma pesquisa da associação Secours Populaire com o instituto Ipsos verificou que 53% dos franceses não conseguem mais economizar e 18% – uma alta de 3% em relação a 2022 – se acostumaram a viver com a conta bancária no vermelho.As filas por um prato de comida são preenchidas cada vez mais por pessoas que têm um trabalho fixo, algo inédito, mas também mães solteiras, aposentados e estudantes universitários. No centro social Maison Blanche, no norte de Paris, a reportagem da RFI encontrou o brasileiro Rafael, que chegou na França há um ano e se surpreendeu com o que viu.“Você não imagina que encontraria uma fila de 300 estudantes em pleno mês de agosto [no auge das férias de verão], esperando uma refeição na França. É um país rico, mas estou vendo que a situação está complicada”, disse o jovem. “A gente vê que está difícil para todo mundo.”Compras limitadas e queda nas doaçõesUma prova é que o número de doações no país estagnou no ano passado – algo que não acontecia havia 10 anos. Segundo o Instituto Nacional de Estatísticas e Estudos Econômicos (Insee), o preço dos alimentos subiu 11% em agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado. Assim, a alimentação, o segundo maior gasto das famílias, se transformou em uma variável de ajuste do orçamento, aponta Champier.  “As pessoas compram menos, preferem produtos mais baratos, restringem as compras a partir de um certo momento do mês – por exemplo, não compram mais produtos de higiene porque o dinheiro acabou aquele mês”, salienta. “Muitas simplesmente não compram mais nada que não seja de alimentação.”
    13/09/2023
  • Por que o yuan ainda está longe de desbancar o dólar no mercado internacional
    O ano de 2023 se transformou em um marco para a internacionalização do yuan, a moeda da China. O mundo caminha para um dia o dólar ser substituído nas transações globais pelo renminbi, o nome oficial da divisa chinesa? Desde que se tornou uma potência econômica, a China alimenta esse sonho, ainda mais depois de o yuan ser reconhecido como uma das moedas do FMI (Fundo Monetário Internacional). Esse anseio é agora reforçado pelo contexto da guerra na Ucrânia e a ampliação do Brics, o grupo de países emergentes do qual faz parte junto com Brasil, Rússia, Índia e África do Sul.Avesso às sanções ocidentais contra Moscou, de quem é aliado, Pequim passou a comprar petróleo e gás russos diretamente em renminbis e acelerou o desenvolvimento do próprio sistema de pagamentos transfronteiriços, o CIPS, um equivalente chinês ao tradicional Swift. A ofensiva responde à importância da China como principal parceira comercial de cerca de 140 países espalhados pelo mundo. Dos restantes, ela é a segunda principal parceira.Neste contexto, os acordos bilaterais com Bancos Centrais estrangeiros, incluindo o do Brasil, se multiplicam. “Isso foi colocado pelo governo brasileiro como uma espécie de conquista, mas em realidade se trata se uma política externa chinesa. Ela foi desenhada e está sendo promovida pela China, mas vai depender muito dos próprios atores das relações comerciais, se vão querer utilizar ou não o yuan, e dentro de uma certa cota”, sublinha o coordenador do Grupo de Estudos Brasil-China da FGV Direito Rio, Evandro Menezes. “No geral, os players do Brasil ainda preferem operar em dólar.”Economia fechada dificulta expansãoNa última cúpula do Brics, em que a abertura para seis novos membros foi decidida, os integrantes avançaram as negociações sobre o uso de uma moeda comum entre eles. Para o novo eixo do Sul global, estimular alternativas ao dólar representa fortalecer a própria influência geopolítica. Mas dado o peso da China na relação com os demais, o yuan tem tudo para ser o maior beneficiado.  Ironicamente, o freio para uma expansão generalizada do renminbi no mercado internacional vem da própria China. Por conta do forte controle estatal sobre o sistema financeiro do país e a moeda nacional, o yuan ainda é apenas parcialmente conversível em outras moedas correntes, ao contrário do dólar ou do euro. No século 19, foi justamente a liberalização financeira que permitiu à libra britânica e, no século seguinte, ao dólar americano, se transformarem em moedas mundiais.“Há diversos elementos a serem considerados antes de se falar em uma superação da predominância do dólar no âmbito internacional, inclusive a confiança da moeda, a estabilidade da economia, as políticas cambiais e monetárias adotadas pelo país, a sua pujança econômica”, destaca Menezes.  Alternativa para países endividadosÉ por isso que, enquanto não está disposto a pagar o preço da abertura, Pequim tem privilegiado à expansão do yuan via transações comerciais, empréstimos e operações como swap cambial, que beneficiou recentemente a Argentina.Com aceso limitado a dólares, Buenos Aires depositou pesos argentinos no Banco Central chinês e recebeu o equivalente em yuans. Com o dinheiro, quitou uma parcela da dívida bilionária que mantém com o FMI – mas sem usar as suas reservas na moeda americana, que se encontram em baixa. Já Pequim avançou um passo a mais nos seus planos de expansão.“Tem uma série de variáveis importantes, não só o comércio internacional, que poderá dar ao yuan uma importância pelo menos equiparável ao dólar. Os Estados Unidos estão tentando proteger o dólar de diversas maneiras, afinal esse é um ponto importante de manutenção do seu poder e da sua hegemonia econômica global”, observa o professor da FGV, atualmente pesquisador visitante da Universidade de Pequim. “Os obstáculos postos pelos americanos e pela Europa criam uma dificuldade evidente para o yuan se tornar uma moeda global. E há sempre um teste de força importante: em momentos de crise, para qual moeda as pessoas vão preferir correr? Esse é um aspecto fundamental”, complementa.Conforme a plataforma Swift, o uso de yuan mais do que dobrou de março de 2021 para março de 2023, quando chegou a 4,5% do total. A participação permanece, portanto, irrisória ante aos 83,7% de operações realizadas na moeda americana.
    06/09/2023
  • Incertezas sobre a China prorrogam fase ‘devagar’ da economia mundial
    Desde o começo do ano, os indicadores da economia mundial não param de decepcionar e, agora, o que pode ser uma ‘bomba-relógio’ – como definiu o presidente americano, Joe Biden, sobre a economia chinesa – aumenta o grau de preocupação sobre os meses que estão por vir. O coquetel de juros altos e crescimento baixo no mundo, somado à desaceleração da China, se torna ainda mais perigoso para os países mais vulneráveis, como os emergentes. A sequência de alta de juros nos Estados Unidos não dá sinais de arrefecer para conter a inflação, com efeito dominó no resto do planeta. Da mesma forma, os riscos ligados às tensões geopolíticas, com a guerra na Ucrânia, também não recuam.“Nas economias avançadas, vemos que claramente as taxas continuam a subir e vão ficar altas durante muito tempo, durante toda a primeira parte do ano 2024, e agora produzem impacto na atividade. Em geral, temos 12 meses de atraso entre o momento em que os bancos centrais sobem os índices e o momento em que realmente essas taxas afetam a atividade – e elas foram elevadas há pouco mais de um ano”, explica Bruno de Moura Fernandes, head de macroeconomia da seguradora francesa Coface, presente em mais de 100 países. “Então vamos sentir mais, nos próximos trimestres, o impacto para as empresas, para as famílias. Estamos a ver uma desaceleração do consumo das famílias, um investimento menor e claramente um aumento das insolvências em todas as regiões”, ressalta o analista.  Falências na AlemanhaNa Europa, a série de falências na Alemanha se iniciou no ano passado e se acentua: o número de fechamentos de empresas em julho foi quase 24% superior ao mesmo período de 2022, segundo dados oficiais. Berlim registrou crescimento zero no segundo trimestre do ano.O caso alemão, a maior economia do continente, simboliza o ritmo devagar em quase toda a zona do euro, como indicam os números da produção industrial, de somente 0,5% em junho. O setor de serviços, também em queda, é outro sintoma de uma recessão que parece se aprofundar.Na Ásia, a crise imobiliária chinesa, o crescimento baixo – de talvez 5%, como prevê Pequim este ano – e o alto desemprego dos jovens na segunda maior economia mundial acendem o alerta para uma piora da conjuntura. O temor de que o ‘momento Lehman Brother’ chinês possa estar se aproximando gera apreensão nos mercados financeiros, depois que um grande fundo de investimentos do país, Zhongrong Trust, não honrou seus pagamentos em meados de agosto.“Já vemos que claramente as exportações chinesas estão caindo pela pouca procura por parte dos Estados Unidos e da Europa, e que o consumo das famílias chinesas também é uma grande decepção, porque, afinal, não tem confiança. Os níveis de confiança das empresas e sobretudo das famílias estão muito baixos: a dívida das famílias subiu demais durante a pandemia e por isso, elas não estão a consumir o que deveriam”, contextualiza Fernandes. “Por enquanto, não vemos como a recuperação pode acelerar nos próximos meses. E isso, obviamente, significa menor procura por muitos produtos.”Risco para o BrasilEsse contexto internacional abala o mercado mundial de commodities e repercute imediatamente no Brasil. As flutuações nos preços do petróleo e do minério refletiram essas incertezas.“No Brasil, as taxas de juros continuam muito altas e isso impacta, obviamente, a demanda interna, o consumo das famílias, o investimento. E se o Brasil não tem esse motor que são as exportações, ou se as exportações não são dinâmicas pela fraca demanda chinesa, isso obviamente vai impactar a economia brasileira”, ressalta o especialista franco-português.Cerca de 30% das exportações brasileiras, essencialmente de matérias-primas, vão para a gigante asiática. Na última cúpula do Brics, na África do Sul, o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, comentou o assunto.“Nós estamos acompanhando o que acontece nos três blocos, China, Europa e Estados Unidos, que são grandes parceiros comerciais do Brasil. Mas o diagnóstico ainda não está concluído, porque as pessoas têm visões diferentes do que está acontecendo lá, e mais particularmente sobre o alcance do problema que a China está enfrentando”, avaliou. “Está inspirando cuidados, mas o tamanho do problema ainda não está suficientemente claro, pelo menos pelas informações que nós estamos recebendo.”A Coface prevê que o crescimento brasileiro deve ficar em 2,2% em 2023 e apenas 1,2% em 2024.
    30/08/2023
  • Primeiro passo de projeto de moeda única do Brics deve ser com transações nas moedas nacionais
    Um dos focos da agenda econômica da 15ª Cúpula do Brics, na África do Sul, é o avanço das discussões sobre a adoção de uma eventual moeda única nas transações entre os países integrantes do bloco de emergentes. Um primeiro passo deve ser a ampliação dos fluxos nas moedas nacionais entre os países-membros, com um papel protagonista do chamado Banco do Brics nesta transição. Lúcia Muzell, enviada especial da RFI a JoanesburgoAssim, em um primeiro momento, em vez de usar o dólar para a China investir no Brasil, os dois países poderiam escolher o yuan chinês – que, entre as cinco moedas do bloco, é a mais internacionalizada. O exemplo foi evocado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista nesta terça-feira (22).Desde que assumiu o Planalto, ele tem reiterado o desejo de concretizar o projeto, um sonho antigo dos países em desenvolvimento que ganhou força desde que os juros americanos se estabilizaram em um patamar elevado.“Por que eu faço negócio com a China e preciso de dólar? O Brasil e a China têm tamanho suficiente para fazer negócios nas suas moedas ou em outra unidade de conta, sem desvalorizar a moeda da gente e sem negar. Ela continua existindo, mas a gente cria uma moeda de comércio exterior”, explicou. “O que é importante é que a gente não pode depender de um único país que tem o dólar, e nós somos obrigados a ficar vivendo da flutuação desta moeda. Não é correto.”O presidente ressaltou que o plano não representa “negar o dólar”, mas frisou que os países em desenvolvimento podem desviar da moeda americana para poderem, inclusive, se ajudarem entre si nos momentos de crise. “Há países, como a Argentina, que não podem comprar dólar agora, e estão em uma situação muito difícil, porque não têm dólar. Ora, para vender para o Brasil, não deveria precisar de dólar”, evocou.Passo a passoO presidente do Instituto do Brasil África, João Bosco Monte, acompanha em Joanesburgo o andamento das negociações de um projeto “complicado”, segundo ele, para sair do papel. “Os países têm, naturalmente, a capacidade de transações bilaterais entre si nas suas moedas, e isso talvez seja a gênesis de um novo captulo. A identificação de uma moeda comum é, por enquanto, um desejo que eles têm colocado sobre a mesa”, avalia.Diante de uma plateia de empresários, industriais e integrantes do sistema financeiro, no Fórum Empresarial do Brics, Lula e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, enfatizaram o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês) para acelerar o projeto com as moedas nacionais. O brasileiro sonha que o NDB um dia será “mais forte que o FMI” nos empréstimos para as nações em desenvolvimento.Já o presidente russo, Vladimir Putin, comentou, por videoconferência, que o processo de fim da hegemonia do dólar nas transações comerciais globais era "irreversível".  Brics empresta em rands sul-africanosNa semana passada, a instituição realizou a primeira venda de títulos da dívida em rands sul-africanos: um título de cinco anos de 1 bilhão de rands, o equivalente a US$ 53,1 milhões. A presidente do banco, Dilma Rousseff, declarou que o NDB espera emprestar até US$ 10 bilhões este ano para os países membros, dos quais cerca de 30% devem ser nas moedas locais – incluindo ainda o real brasileiro, o rublo russo e a rúpia indiana.“Brigar com os Estados Unidos e o sistema financeiro mundial não é fácil. O fato de o Banco do Brics trazer essa agenda e puxar essa discussão favorece para que, eventualmente, as transações comerciais entre os países possam usar outras moedas. É possível? Sim, depende obviamente da conversa, do entendimento político, mas isso não é uma ação que se esgota nos dois dias de conversas em Joanesburgo”, salienta Bosco Monte.
    23/08/2023

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