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Opiniões de especialistas sobre pesquisas, avanços e descobertas em todas as áreas científicas e tecnológicas, da medicina, espaço e bioética ao high-tech, rede...
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  • Brasil tem posição geoestratégica para web mundial, diz fundador de Fórum de Segurança Cibernética
    Para o general francês Watin-Augouard, mudança de governo com eleição de Bolsonaro não deve afetar cooperação entre os dois países Diante de modelos algorítmicos cada vez mais sofisticados, capazes de capturar e estocar informações, a proteção de dados tornou-se uma preocupação essencial para os europeus.Os países do continente, além de serem alvo do terrorismo internacional, vêem com preocupação a onda conservadora que levou ao poder Donald Trump, nos Estados Unidos, e mais recentemente Bolsonaro. Em ambos os casos, a manipulação em massa de dados foi apontada como a principal razão de duas vitórias consideradas improváveis há alguns anos. Essas questões estão no centro dos debates que acontecerão na décima-segunda edição do Fórum Internacional da Segurança Cibernética, que acontece nesta terça (22) e quarta-feira (23) em Lille, no norte da França. A colaboração com outros países, como o Brasil, também é uma das temáticas do encontro, explicou em entrevista à RFI o general Watin-Augouard, fundador do Fórum. A meta é criar alternativas ao monopólio do mercado tecnológico criado pela China e Estados Unidos, que acabam beneficiando de mais acesso aos dados, a moeda do século 21.“Se a Europa não propuser uma terceira via, amanhã estaremos no meio dois polos fortes, que são os Estados Unidos e a China. Evitar esse cenario interessa o resto do mundo. E o resto do mundo talvez deva imaginar uma estratégia de independência ou pelo menos de mais soberania”, avalia o general francês.Os cabos submarinos transportam as fibras ótica que conectam a rede mundial e ilustram essa situação. Essa parafernália invisível é responsável por 99% do tráfico mundial de dados. A construção dos cabos teve grande investimento dos GAFAM (Google, Apple, Facebook, Amazon e Microsoft), que patrocinaram uma grande parte da estrutura que liga os EUA à Europa. Neste contexto, observa Watin-Augouard, a posição do Brasil é geoestratégica. “O Brasil tem um papel importante. Quando olhamos o mapa dos cabos submarinos, notamos que vários deles saem do Brasil e vão para o continente africano. Trata-se de um circuito mais independente, “alternativo”, sem estar mais sistematicamente ligado ao circuito americano, construído no início da internet”, ressalta o general.Cooperação com Brasil sempre foi fortePara ele, apesar da preferência declarada de Bolsonaro pelos Estados Unidos, a França e o Brasil devem continuar sua política de cooperação. “O governo francês deve continuar a agir com o governo brasileiro, que para a França é um parceiro essencial. Somos vizinhos na Guiana francesa, e mesmo que não estejamos próximos nas metrópoles, temos essa proximidade ultramarina”, ressalta. “Os brasileiros fizeram sua escolha e a França vai continuar a agir como sempre fez com o Brasil, mantendo as relações diplomáticas, econômicas e culturais que sempre foram fortes entre os dois países. Não ha razão para que isso mude.” Aplicação do regulamento Europeu de Proteção de Dados é prioridadeO Forum também se interessa à maneira como a Europa pode exercer mais liderança na proteção dos dados. Isso passa pelo respeito ao Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados, adotada em maio de 2018, aplicada a indivíduos e empresas, que limita a coleta de informações. O recado é claro: se companhias estrangeiras quiserem continuar a fazer negócio com o continente, deverão, no mínimo, assegurar uma proteção adequada às informações que circulam na web, principalmente nas redes sociais, como prevê a diretiva. Existe também a preocupação em prevenir a manipulação em massa de dados que possam influenciar diretamente as democracias, como ocorreu na eleição de Trump, nos EUA, e de Bolsonaro, no Brasil. Sabe-se que, nos dois casos, Facebook e WhatsApp tiveram um papel essencial no convencimento dos eleitores. O governo francês foi o primeiro da Europa a legiferar a respeito, adotando uma lei em 22 de dezembro de 2018 que luta contra a manipulação da informação no período eleitoral. A partir de agora, três meses antes do pleito, plataformas como o Facebook serão “monitoradas” para garantir a transparência do processo. As redes poderão ter que explicar, de maneira clara, o funcionamento de seus algoritmos e a classificação de conteúdos que podem ter influência direta na opinião dos eleitores. “Em relação às redes sociais, na França há o desejo de cooperar e dialogar, mas ao mesmo tempo lembrar, mesmo em termos penais, que as regras devem ser respeitadas, principalmente no período eleitoral”, explica o general. A grande dificuldade é identificar as fake news rapidamente para impedir sua propagação. As eleições europeias, de 23 a 26 de maio, lembra, serão o primeiro teste para avaliar a eficácia dessa regulamentação. Concepção das ferramentasOutro tema do encontro é a integração da proteção dos dados desde a concepção dos sistemas utilizados nos dispositivos, sejam smartphones ou objetos conectados. Há reatividade na gestão de incidentes, mas a ideia é evitar que eles ocorram, ressalta Watin-Augouard. “Os dados pessoais são uma das grandes questões do mundo hiperconectado, que gera uma coleta de estocagem e transferência de dados que são extremamente sensíveis”, conclui o general francês.
    22/01/2019
  • Como o Facebook viralizou e esvaziou o movimento dos "coletes amarelos"
    O Facebook, rede social que se tornou uma plataforma de organização para os manifestantes franceses, exerce cada vez mais influência direta nas democracias. Mas a ausência de um debate coerente tende a esvaziar o movimento que surgiu para protestar contra o aumento do imposto sobre o combustível e se tornou uma revolta popular. O que Trump, Bolsonaro e o movimento dos "coletes amarelos" na França têm em comum? Suas trajetórias convergem em torno do Facebook. Nos dois primeiros casos, a rede social teria sido usada como arma de manipulação em massa, como prova o escândalo de roubo de dados orquestrado pela empresa britânica Cambridge Analytica e as denúncias envolvendo a campanha de Bolsonaro no Whastapp, que pertence ao Facebook.Já o movimento francês, que nos últimos finais de semana invadiu as ruas de Paris e das maiores cidades da França, nasceu na rede social, mas diferentemente dos cases eleitorais citados acima, foi espontâneo. Tudo começou no dia 10 de outubro, quando o motorista de caminhão Eric Drouet criou um evento no Facebook para protestar contra a alta do imposto sobre os combustíveis, que deveria entrar em vigor no início de janeiro. Oito dias mais tarde, a hipnoterapeuta Jacline Mouraud, que vive na Bretanha, publicou um vídeo de quatro minutos na plataforma. Ela denunciava a postura do governo em relação à população que precisa do carro em seu dia-a-dia –franceses que vivem em cidades afastadas ou na periferia de grandes centros, onde o transporte público é deficiente. O vídeo viralizou e teve mais de 6 milhões de visualizações. A repercussão levou a francesa, que recebeu ameaças, a fechar sua conta, mas o movimento estava lançado. Em poucos dias, centenas de vídeos, imagens e petições começaram a circular nas redes sociais, exigindo que o governo voltasse atrás em sua decisão. Na esteira dos protestos virtuais, surgiram outras reivindicações contra decisões tomadas pelo Executivo francês. Entre elas, o aumento dos impostos sobre as aposentadorias e a supressão do ISF, o imposto sobre a fortuna, medida que encarnou a “política para os ricos”, da qual foi acusado o presidente Emmanuel Macron.Falta de diálogo construtivo O movimento dos coletes amarelos não é formado por militantes politizados, como foi o caso da Primavera Árabe, em 2010, por exemplo. Esse aspecto tende a esvaziar o protesto – o que já vem acontecendo desde o dia 8 de dezembro, lembra Pierre Olivier Cazenave, especialista em redes sociais e criador do Social Media Club, grupo francês de discussão sobre o uso das plataformas digitais. Segundo ele, a falta de politização não permitiu que os "coletes amarelos" estabelecessem um diálogo construtivo no Facebook.Sem contar que os protestos reúnem diferentes grupos, o que dificulta ainda mais a coerência do debate. Entre eles, trabalhadores precários, em sua grande maioria, mas também moradores da zona rural, cidadãos eurocéticos, membros da extrema-direita, da extrema-esquerda, e no meio disso tudo, a vertente mais violenta: grupos extremistas que aproveitaram as manifestações para promover o quebra-quebra.“Temos a impressão que, fora o fato de Facebook ter sido usado como suporte de mobilização, a rede não possibilitou uma verdadeira discussão entre manifestantes sobre suas perspectivas e o movimento. A impressão é de que não existe um diálogo construtivo no Facebook”, diz Cazenave. Ele lembra que o algoritmo do Facebook gerencia os compartilhamentos por afinidade: ou seja, nas timelines dos membros dos diferentes grupos dos "coletes amarelos", aparecem somente conteúdos publicados por internautas que têm a mesma opinião. Nessa massa de vídeos, artigos e links, as fake news se disseminam na velocidade da luz. “Se a informação for falsa, mas corresponde a uma opinião com a qual a pessoa concorda, será compartilhada, e isso vai ajudar a disseminar um posicionamento”. Essa é a dinâmica que se instaurou no movimento dos "coletes amarelos", explica o especialista francês.Movimento “emotivo” se propaga mais rápido no FacebookA realidade é que, da mesma maneira que o Facebook mobiliza, também dispersa. Os protestos dos "coletes amarelos", explica Pierre Olivier Cazenave, tiveram desde o começo uma forte motivação “emocional”, o que dificultou a construção de um verdadeiro projeto em torno das reinvindicações. Existia, e ainda existe, o sentimento de que há excesso de impostos, perda de poder aquisitivo, mas sem formulações mais precisas sobre ações que poderiam reverter esse quadro. “Nas primeiras horas de mobilização, não havia nenhuma reivindicação formulada de maneira clara. Esse enraizamento emotivo da mobilização ganhou ainda mais força nas redes sociais”, analisa Cazenave.A força do movimento, entretanto, levou o governo a voltar atrás e a renegociar certas medidas. O governo Macron cancelou, por exemplo, a alta do preço dos impostos sobre o combustível e prometeu um aumento de €100 mensais no salário mínimo. Uma das maiores dificuldades do governo aliás, foi encontrar interlocutores dos "coletes amarelos" para negociar uma saída para a crise – já que o movimento se alastrou de maneira difusa, sem um único líder, utilizando o poder das imagens que mais viralizaram na internet. “Os 'coletes amarelos' querem ser ouvidos, mas também vistos. O triunfo da imagem, do vídeo, é algo interessante a ser observado”, diz Cazenave.Resta saber agora qual será o futuro do movimento, que perdeu força depois do atentado de Estrasburgo, no dia 11 de dezembro – o que levou ao surgimento de um boato na rede sobre a existência de um “complô” para enfraquecê-los.Teoria, lembra Pierre Oliver Cazenave, que não tem credibilidade. “O atentado foi o momento onde todos os franceses apoiaram a polícia. Foi um momento inédito das manifestações na França, onde vimos as pessoas aplaudirem as tropas de choque da polícia quando elas passavam.”
    25/12/2018
  • Como são construídos os algoritmos usados para manipular os eleitores?
    Especialista belga ouvido pela CPI britânica no caso da empresa Cambridge Analytica, que pirateou dados do Facebook, explica como são criados os modelos matemáticos para influenciar eleitores e marcas O escândalo envolvendo a campanha de Donald Trump e a Cambridge Analytica, empresa criada pelo engenheiro de computação Robert Mercer e o ex-conselheiro do presidente americano, Steve Bannon, lançou o debate sobre a utilização de dados de internautas para influenciar os eleitores. No início do ano, Christopher Wylie, diretor do grupo britânico, revelou que a Cambridge Analytica pirateou dados pessoais de cerca de 87 milhões de usuários do Facebook, a maioria americanos. O objetivo: influenciar a votação na eleição presidencial dos EUA que levou à vitoria de Trump. No Brasil, a recente denúncia sobre o financiamento ilegal da campanha de Bolsonaro - empresários que teriam bancado disparos em massa contra o PT no aplicativo WhatsApp-  trouxe novamente à tona a discussão sobre a utilização dos dados dos internautas que circulam na web para influenciar o resultado nas urnas. A RFI Brasil entrevistou com exclusividade o matemático belga Paul-Olivier Delaye, fundador da empresa PersonalDataIo e especialista na proteção de dados. Ele foi consultado como expert na CPI aberta pelo Parlamento britânico em março de 2018, sobre o caso Cambridge Analytica.RFI - Uma das técnicas usadas na manipulação dos dados é a Psicometria, que ajuda a construir a personalidade dos indivíduos a partir dos traços que deixam na web quando estão conectados. Como podemos defini-la?Paul-Olivier Delaye - A Psicometria é uma teoria em Psicologia que não é aceita por todo mundo. Segundo essa teoria, podemos medir o perfil psicológico de alguém. A pessoa pode ser aberta, meticulosa, extrovertida, agradável ou neurótica. Essas cinco características por si só já definem um perfil psicológico. Num contexto político, emocional, elas têm um valor preditivo. Podemos prever como as pessoas vão reagir.RFI – Esse ainda é o método usado hoje atingir eleitores potenciais em uma campanha politica, por exemplo?POD - Novas técnicas emergiram, permitindo a criação do perfil de um indivíduo através da interação coletada de maneira massiva na Web, como, por exemplo, os “likes” no Facebook. A partir de um “like” podemos construir o perfil psicológico de um indivíduo. A vantagem, em relação a um questionário de Psicologia, como no caso da Psicometria, é a escala. A segunda vantagem é que podemos, usando Facebook, atingir pessoas com características psicológicas específicas que buscamos.RFI - Como surgiu essa técnica? POD - A principal delas foi desenvolvida na universidade de Cambridge. Os pesquisadores usaram questionários padrões de Psicologia para avaliar as pessoas. Em seguida, consultaram o perfil Facebook dos participantes dos estudos. A observação dos “likes” possibilitou um ajuste do questionário. Esse modelo também pode ser usado no outro sentido: construir o perfil psicológico de uma pessoa a partir dos “likes”. Os pesquisadores demonstraram que, a partir de 170 “likes”, o modelo criado é mais preditivo, ou seja, mais fiel à verdadeira personalidade do indivíduo do que seria a descrição do próprio parceiro em um casal. Em princípio, o algoritmo conhece você melhor do que seu marido ou esposa!RFI - Os “likes”devem ser públicos? POD - Os “likes” foram retirados do acesso público. Com o passar do tempo, foi necessário o uso de técnicas mais sutis para ter acesso a esses “likes”. Usamos diferentes técnicas. Seus amigos, por exemplo, podem ver seus “ likes” no Facebook. Se você integra um grupo, por exemplo, você expõe seus “likes” ao administrador do grupo.RFI - A conclusão é que não existe privacidade nas redes sociais.POD - As redes sociais ganham dinheiro encorajando as pessoas a compartilharem o máximo de informações possíveis sobre elas mesmas e entre seus amigos. Em seguida observam esse compartilhamento para manipular os dados que são coletados para fins publicitários. RFI - E no WhatsApp, os dados podem ser coletados da mesma forma?POD - Há uma diferença entre o Messenger do Facebook e o WhatsApp. Os dois pertencem ao Facebook, mas, pelo menos por enquanto, o conteúdo do WhatsApp é criptografado. Facebook pode ler uma mensagem no Messenger, mas não pode ler uma mensagem WhatsApp. Por outro lado, pode coletar os metadados associados à rede para uso publicitário. Facebook sabe, graças ao WhatsApp, quem é seu marido, sua família, sua empresa, o esporte que você pratica, etc.RFI - Como essas técnicas podem ser usadas em campanhas eleitorais? POD - Essas técnicas são usadas para incitar à viralização nas redes sociais e encorajar as pessoas a reagirem de uma certa maneira, compartilhando conteúdos que não correspondem necessariamente à verdade. E, graças a isso, dirigir o debate, ou a discussão pública, sobre temas bem específicos. Trata-se de uma ferramenta de manipulação da informação em grande escala. Além das cinco noções da Psicometria que defini antes usadas na construções de perfis influenciadores, há outras noções importantes: o que chamamos de locus of control (quem você responsabiliza pelas mudanças em sua vida? Você mesmo ou o destino?), need for cognition (a necessidade de pensar antes de tomar uma decisão) e need for affection (necessidade de sentir emocionalmente essa decisão antes de toma-la). Na construção dos algoritmos, podemos caracterizar as pessoas usando dados, e se percebemos que se alguém esta mais próximo do perfil need for affection, por exemplo, estamos diante de uma pessoa que pode ser facilmente influenciada pela emoção, sem nenhuma, ou pouca reflexão. Desta forma, se compartilharmos com esse indivíduo um conteúdo político, que tem bastante ressonância, isso vai encorajá-lo a compartilhar esse conteúdo sem pensar. Os efeitos podem ser muito surpreendentes em termos de feedback no Facebook. Esse pequeno grupo compartilhará o conteúdo entre si, e isso, por conta da natureza comercial da rede, levará o algoritmo de Facebook a buscar outras pessoas com as mesmas características. Isso levará naturalmente a uma viralização com pouca reflexão sobre o que foi compartilhado. O problema é quando focamos apenas nessas pessoas. RFI - E o chamado “dark post”?POD - É uma outra ferramenta. Podemos fazer circular uma mensagem dentro de uma comunidade, sem que outras pessoas, como jornalistas ou ONGs, possam acessar os conteúdos que circulam nesse grupo. Isso impede a visão de um debate aberto e democrático em um contexto de eleições. Há pessoas que se deixam influenciar, não sabemos como, com falsas informações que circulam, mas sem feedback crítico sobre essas informações. RFI - Podemos comparar o que acontece no Brasil com a campanha eleitoral americana?POD - Observamos uma esfera política cada vez mais complexa para os jornalistas, que têm dificuldade em acompanhar essa dinâmica. Foi o que aconteceu na campanha americana. Os jornalistas tinham problemas para explicar o que estava acontecendo, justamente porque havia informações que circulavam em redes nas quais eles não tinham acesso. O paralelo entre o Brasil e os EUA é esse: alguns atores conseguem manipular as redes eletrônicas de maneira mais eficaz que os jornalistas conseguem cobrir os eventos. Para mim, há um problema de base muito importante: o papel dessas redes na difusão do conteúdo jornalístico. Os jornalistas se tornaram muito dependentes delas e isso faz com que a cobertura sobre as redes sociais não tenha sido suficientemente crítica no passado.  
    30/10/2018
  • Da sala de aula para o YouTube, canais científicos viram mania na França
    Na contramão da sala de aula, filósofos e escritores deixam a lousa e se transformam em youtubers famosos, com milhares de visualizações diárias. A receita: transformar conceitos herméticos de Física, Química, Filosofia e outros assuntos em conteúdos acessíveis para a geração conectada. Um dos ícones dessa tendência é o físico David Louapre, criador do canal e do blog Science étonnante (Ciência Surpreendente, em tradução livre). Especialista da Gravidade Quântica, ele criou seu blog em 2011 e se tornou uma referência da chamada vulgarização científica. Em seguida, o físico se aventurou no YouTube.Em 2016, a Sociedade francesa de Física concedeu o prêmio Jean Perrin pela sua contribuição à midiatização de assuntos complexos, como o Efeito Borboleta e a Teoria do Caos, por exemplo. Seus vídeos podem chegar a um milhão de visualizações.Com o sucesso, David Louapre passou a atuar em diversas frentes. O físico tem dois livros lançados pela editora francesa Flammarion e também participa dos programas da rádio France Culture, onde disserta sobre temas variados. Em 2016, ele deu essa entrevista ao canal Science de Comptoir, do YouTube, onde fala sobre o início de sua carreira como blogueiro e depois videasta.“A vantagem do texto escrito é que o leitor escolhe seu ritmo. Se ele não entende alguma coisa pode ir mais devagar ou voltar atrás. O vídeo passa e se você não entendeu algo, já era", diz. "No início pensei que esse formato não fosse adaptado para explicar conceitos complexos de Ciências. Então percebi que, na verdade, era uma maneira poderosa de criar uma conexão com o telespectador, e que do ponto de vista pedagógico é muito interessante", conclui.A RFI Brasil tentou entrar em contato com David Louapre, mas sua assessora foi franca: seu sucesso e agenda cheia não o obrigam a responder todas as demandas da imprensa no prazo desejado.Questões existenciaisDavid Louapre não é o único que fez do YouTube seu ganha-pão e descobriu na plataforma uma maneira de tornar assuntos herméticos interessantes para estudantes que têm dificuldade de se concentrar na sala de aula. Thibauld Giraud, professor de Filosofia do liceu Marguerite de Navarre, em Alençon, na Normandia, criou o canal Mr Phi (Senhor Filosofia, em tradução livre), em agosto de 2016.Ele se destaca no YouTube por ser um dos únicos a falar sobre questões existenciais. O sucesso foi tanto que hoje o professor se dedica unicamente ao seu canal, que foi monetizado e possibilita que ele viva apenas de seus vídeos, que totalizam mais de 3 milhões de visualizações – um número importante para o mercado francês.O formato, ele acredita, permitiu a muitos de seus alunos entender teorias aplicadas ao cotidiano, como nesse vídeo onde ele explica, por exemplo, como “demonstrar qualquer coisa” através de uma argumentação consistente. O professor lembra que um argumento é um conjunto de premissas que justificam uma conclusão, mas só é válido se as premissas são verdadeiras ou reconhecidas como tal e têm uma relação direta com a conclusão. Explicado dessa maneira, pode parecer complicado, mas a linguagem utilizada pelo professor de Filosofia em seu vídeo facilita o interesse pela matéria, como ele explicou à RFI.“O fato que eles possam se interessar pelo assunto já é uma vitória. Um dos obstáculos da Filosofia é que muitos alunos não se interessam nem um pouco pelo assunto e têm problema em prestar atenção em uma hora de curso. Com um vídeo de 10 ou 15 minutos é bem mais fácil captar essa atenção”, diz.Salário pago por doaçõesEle explica que a Filosofia é uma matéria obrigatória que “aparece” no último ano do segundo grau na França, um momento crucial para os estudantes, que devem dominar a arte de escrever uma dissertação. Esse contexto, diz, não é estimulante para o aprendizado da disciplina. A escolha dos assuntos para seu canal, diz, é uma mistura de suas preferências com temas que funcionam bem no YouTube.Desde setembro de 2017, Thibaud abandonou as salas de aula para se dedicar exclusivamente ao canal. Seu salário é pago pelas doações feitas pelos internautas, o que é relativamente raro. Thibauld e David Louapre são pioneiros, mas outras dezenas de canais pululam na web francesa. Entre eles, Lanterna Cósmica, Scienceclic e Heu?reka, que tratam de Física, Química, mas também Economia e Finanças.
    14/08/2018
  • Robô elabora treino para evitar contusões de craques da seleção francesa
    O engenheiro mecânico francês Philippe Rouch e sua equipe recriam em laboratório os movimentos dos atletas para ajudá-los a sofrer menos contusões. A tecnologia é usada por jogadores da seleção francesa de futebol. No campus do Instituto de Engenharia Arts et Métiers, situado no 13° distrito de Paris, trabalha o engenheiro mecânico Philippe Rouch, um especialista dos movimentos humanos e, principalmente, dos atletas. No laboratório de biomecânica do Instituto, jogadores da seleção francesa de futebol, treinadores de times de rugby, basquete ou outros esportes consultam de maneira anônima o engenheiro francês. O objetivo é obter uma modelização personalizada de como se comportar fisicamente em campo, para evitar contusões. Esse diagnóstico é utilizado pelos técnicos para melhorar o desempenho e ao mesmo tempo proteger as articulações dos jogadores de lesões graves.Para isso, diversos parâmetros são levados em conta. No caso do futebol, um robô, batizado de Jarvis - em homenagem ao robô-mordomo da trilogia "Homem de Ferro" - testa, por exemplo, qual o melhor modelo de chuteira a ser adotado, em função do gramado, das condições climáticas, do estilo de jogo e da posição do craque.Para isso, a equipe usa um programa de computador em open source, OpenSimulator, que grava em 3D os movimentos de atletas profissionais e envia as informações para o robô, que repete a ação de maneira idêntica. A base de dados tem milhares de movimentos registrados, obtidas a partir das imagens dos jogos.Segundo o engenheiro francês, durante um passe, um jogador pode sobrecarregar sua musculatura em até dez vezes seu peso. Por isso, é essencial pensar na forma, na elasticidade e na maciez do tecido que reveste o calçado. O objetivo é aliviar o esforço feito pelo jogador, que é medido com precisão pelo robô. Por que no futebol os atletas se machucam tanto em campo? Segundo o engenheiro francês, diversos fatores influenciam as contusões no esporte, que gera uma grande sobrecarga física.Para atletas de alto nível, lembra o diretor do instituto de biomecânica, é fundamental manter uma vida saudável e uma preparação física adequada, além de exercícios apropriados para moldar a musculatura em função das exigências nos treinos cotidianos.Além disso, é importante evitar certos movimentos. Para isso, o laboratório conta com uma base de dados de lances que resultaram em contusões. As imagens foram obtidas de gravações disponibilizadas para a arbitragem. “Há gestos que não devem ser feitos, como recepcionar uma bola e cair apoiando só em uma perna, por exemplo. Pode causar ruptura nos ligamentos. O técnico pode habituar o jogador a cair usando as duas pernas, programando o cérebro para automatizar o movimento. Habituamos assim o jogador a fazer um gesto ou a evitá-lo”, explica. “Neymar é excepcional, mas precisa de repouso”Philippe Rouch recebe com frequência jogadores famosos da seleção francesa, cujos dados são guardados a sete chaves, mas nunca atendeu brasileiros. O engenheiro francês é um admirador do futebol da Seleção e diz que ficaria honrado em registrar em seu computador os movimentos de Neymar, por exemplo. “Existe uma filosofia de jogo brasileira, que é insuperável, que todos, inclusive a seleção francesa, tentam copiar. Uma facilidade de dançar com a bola, de entrar em contato com ela, que todos os jogadores tentam imitar", diz. "Isso exige uma capacidade física fora do comum. Há também especificidades ligadas às origens das pessoas. As fibras musculares são diferentes”, explica o engenheiro francês, que lembra como as particularidades genéticas fazem diferença no desempenho esportivo.Esses movimentos “fluidos”, típicos do futebol brasileiro, normalmente deveriam proteger os jogadores das lesões. Isso porque o nível de aceleração é menor, protegendo as articulações, mostram as pesquisas. O problema, explica o engenheiro francês, é que essa maneira “macia” de jogar não impede o desgaste gerado pelo excesso de treinos e partidas, que são bem mais numerosos hoje do que há algumas décadas. Além disso, as agressões em campo, das quais Neymar foi vítima, por exemplo, acabam prejudicando a saúde dos jogadores. “O juiz deve se empenhar em impedir essas agressões, que atrapalham o jogo e machucam os atletas. Existem jogadores tão sensíveis aos lances em campo que essas contusões os afetam emocionalmente”, lembra Philippe. Para entender como um passe errado pode afetar os ligamentos e os tendões, a equipe utiliza cadáveres para testar como o corpo reage às contusões. Os estudos mostram que, em cada jogo de futebol, são registradas cem lesões. No esporte, os jogadores muitas vezes se machucam sozinhos, lembra o especialista. Cerca de 60% das contusões não envolvem um lance com outro atleta.Mais uma vez, isso ocorre porque jogadores como Neymar, por exemplo, são muito solicitados, ressalta o engenheiro. “Neymar é um jogador excepcional, que trabalha muito, todos querem vê-lo. O excesso de midiatização acaba sendo um problema. Chega em um ponto em que é preciso repouso.”Segundo a Federação Francesa de Futebol, um terço dos jogadores não se recupera totalmente de uma ruptura do ligamento cruzado anterior antes de três anos. Atacantes dificilmente prolongam a carreira depois dos 36 anos. 
    03/07/2018

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